A sensação de embarcar num avião com destino a uma cidade nova é incrível, né!? Imagina como é ao embarcar para um país novo!!!??? Ir pela primeira vez à Espanha, realizar um sonho distante, quando ainda no Brasil estava me matando para aprender o espanhol e deixar o portunhol de lado…
Num dos festivais que estive pela Europa, eu conheci um grupo “guay” (uma expressão super Espanhola, similar ao nosso “massa” ou ao “chevere” do castelhano) que estavam participando das minhas aulas. Durante o final de semana e após várias danças e conversas, eles me ofereceram um lugar para ficar quando eu fosse à Barcelona ou Madrid… Então tá: tô chegando em Barcelona no dia tal… Quem mandou convidar!!??? hahahahha (na verdade essa viagem para Espanha estava marcada, mas tive que reorganizar tudo por causa do bendito 3 meses de visto de turismo na Europa!).
Acho que já comentei isso nos artigos iniciais, mas vale reforçar aqui (mesmo sendo um viajante com alguma experiência, acabei no início quase negligenciando esse pequeno detalhe e que poderia ter me custado caro!): Brasileiros não precisam de visto para Europa como turistas. Porém são ortorgados apenas 90 dias de permanência. Após ligar para o escritório da União Europeia em Bruxelas, a embaixada do Brasil na Holanda, ler uns 5 ou 6 blogs diferentes e ouvir vários outros amigos viajantes, cheguei a seguinte interpretação do visto: você entra na área Schengen (grupo de países da UE que possuem um visto comum para estrangeiros, e que não é necessariamente os mesmos países da UE) e fica 45 dias. Resolve dar um pulo num país fora dessa região por 15 dias, como Turquia ou Inglaterra (sim, a Inglaterra é um visto diferente que também brasileiros não precisam pedir ao chegar, mas com tempo independente ao da área Schengen).
Ao retornar para a área Schengen, você continua com os 45 dias que restam começando do dia do retorno (você pode fazer isso quantas vezes quiser, respeitando o tempo total de 90 dias). Então são contados os dias que você permaneceu dentro dessa região num período de 180 dias. Quando esse tempo acabar você precisa sair da área e ficar pelo menos 3 meses fora (muita gente tenta a sorte saindo e retornando em 1 ou 2 semanas… o que pode dar certo, mas é arriscado). Fique esperto e ande na linha. Ter um passaporte carimbado pela UE como deportado por infringir as leis migratórias é o pior pesadelo para um viajante que ficará proibido de entrar em vários países por alguns anos…
Liguei para os meus amigos de Barcelona e refiz todo o meu itinerário e teria apenas 9 dias para a Espanha e segui os conselhos deles: ou Barcelona ou Madrid. Pouquíssimo tempo para as duas e não iria aproveitar muito. Barcelona venceu! Cheguei no aeroporto El Prat, entrei na internet grátis que consegui achar e liguei para o meu amigo Genís e ele me explicou como chegar de busão ao centro da cidade. Era feriado na cidade e o trânsito estava lindo (levei menos de 40 min e como tinha wifi de boa qualidade no busão, consegui me comunicar com meu amigo para deixá-lo a par do meu progresso para nos encontrarmos na estação de metrô em frente a antiga arena de touros (hoje virou um shopping center), a famosa Plaza España.
Não se esqueça que Barcelona é a capital da Catalunha… Isso significa muita coisa: é praticamente outro país dentro da Espanha, com sua própria língua e costumes. Pegue um liquidificador e coloque: francês, português, espanhol e italiano! Adicione pitadas de inglês!! Pronto, está aí o idioma mais engraçado/esquisito que eu já ouvi: Catalão!! Ao ler as informações, eu conseguia entender bastante mas algumas coisas geravam confusão! Mas se acalme, o espanhol é também uma língua oficial por aqui! O meu amigo tinha me enviado o endereço em catalão e me custou alguns neurônios para achar o lugar certo no google maps… O dia estava lindo e a recepção ao meio-dia foi melhor impossível. Desci do busão, meu amigo um fanfarrão de primeira classe, já me cumprimentou fazendo brincadeiras: “Tío, pensé que te habias equivocado con el bus y estava yendo en otra dirección…” (não posso generalizar, mas todos os espanhóis que conheci durante essa viagem, adoram fazer piadas e tirar sarro uns com os outros!!).
Barcelona… ah que cidade linda!! Essa época do ano (maio) a temperatura durante o dia é perfeita ao redor dos 28 graus (a noite a temperatura cai para os 18-20 graus) e um céu azul com poucas nuvens. Fomos deixar a minha mala na casa do meu amigo, que mora num lugar super estratégico (a 100 mentros da Rambla del Raval) e ali mesmo encontramos um restaurante espanhol para comer “bocaditos” (mini mini pães com recheios variados) e uma tábua de frios com queijos e o delicioso presunto espanhol! Montse, outra forrozeira espanhola que estava no mesmo festival de forró, se juntou ao bando para o almoço e depois um passeio a tarde pela orla. Para cada cidade/país que eu viajo poderia escrever um livro, com todos os detalhes, sabores, sentimentos, encontros… Mas como o risco de cometer mais erros de português que o permitido para um engenheiro é grande, vou me limitar aos pontos principais que eu gostaria de compartilhar!
Primeiro ponto importante para turistar nessa cidade é conseguir o cartão para alugar as bicicletas públicas. O cartão é pessoal e intransferível (mas muitos usam cartões emprestados) e pode pegar apenas uma bike por vez. Nesse caso, meus amigos tinham pedido um cartão emprestado de outra pessoa para eu poder andar com eles. É uma das melhores formas de se locomover e conhecer a cidade, pois existem dezenas de pontos de bike e o custo é baixo (você pode pegar num ponto, andar por algum tempo e pelo celular descobrir onde é a devolução mais próxima). Não procurei muita informação para saber se um turista poderia fazer o cartão, pois meus amigos se encarregaram de tudo… Mas vale a pena olhar no site deles (www.bicing.cat)!!
De bike levamos menos de 15 minutos para chegar no bairro Barceloneta que estava lotada tanto de locais como de turistas, já que era feriado. Entregamos a bike no ponto mais próximo e fomos caminhar pelas ruazinhas próximas ao mar que são super charmosas (uma espécie de Lapa do Rio de Janeiro…). Paramos num boteco numa viela frequentada em sua maioria pelos locais, onde não cabe quase ninguém e que usam a rua como ambiente descontraído para beber uma “caña” (copo de cerveja). Ali encontramos mais amigos dos meus amigos e já eramos uma multidão. Aos poucos fomos caminhando para a orla por algum tempo até a temperatura começar a sugerir novos planos (venta muito nessa época e como o sol já estava baixo e estávamos de bermuda e camiseta…). Voltamos pra casa caminhando e por outra avenida, La Rambla (maior e mais famosa que a primeira que eu já citei no começo). Passamos por um mini mercado e compramos ingredientes suficientes para eu preparar o jantar!
No dia seguinte, Montse que estava em transição para um novo trabalho e ainda de férias, se ofereceu para levar eu e mais amigo dela para conhecermos a montanha Montserrat. É um dos pontos mais famosos e que realmente vale muito a pena. Fica 30-40 min de carro da cidade e não tem nenhum pedágio. Durante a semana o número de turistas é grande mas muito tranquilo. No topo da montanha existe um monastério criado no século X e uma Basílica muito linda que abre as 10h da manhã e já tem uma fila grande para poder entrar. O ponto máximo ao entrar na igreja (além da arquitetura com intervenções até mesmo de Gaudi) é poder ouvir um coral gigante de crianças cantando em catalão!!! Esse é um passeio para começar cedo e que levará até o meio da tarde (Montse se encarregou de fazer alguns sanduíches e no café próximo ao monastério compramos as bebidas). Após meditar um pouco e se deleitar com a vista, é possível fazer uma caminhada a vários pontos mais altos (caminhada leve e de nível básico e que vale muito apena!). Forrozeiros apaixonados andam sempre pensando em como essa vista seria perfeita para um baile!! Claro, fizemos alguns vídeos dançando!!! 🙂
Voltamos para a cidade e como estávamos em ritmo de baião, Montse ligou para mais algumas amigas e mudamos a rota para a casa de uma delas promovendo um forró no final da tarde em plena segunda-feira em Barcelona!! Cada um levou algo para comer e quando vi, era quase um banquete planejado a dias! Pronto, agora já é possível entender também por que Barcelona ganhou de Madrid na minha escolha (o forró foi o voto de minerva!!) hehehehehehe Barcelona tem uma comunidade ainda pequena de forrozeiros e simpatizantes, mas o suficiente para suar a camisa e se divertir bastante! Durante uma conversa e outra com os quase 12 integrantes do forrozinho, fui pegando todas as dicas do que fazer nos próximos dias (melhor dica que qualquer site poderia dar).
A primeira dica e bastante útil foi de entrar no site da Catedral Sagrada Família e comprar o ticket para o dia e a hora que eu fosse visitar. O preço seria o mesmo, mas evitaria filas (realmente, a fila para comprar o ingresso é grandinha). Escolhido esses detalhes é só aparecer 15 min antes do horário agendado e ser feliz! LITERALMENTE FELIZ!!! A minha recomendação é ir em todas as catedrais da Europa antes e deixar a Sagrada Família por último! Visitar essa igreja no começo é cometar o mesmo erro de fazer o seu primeiro mergulho em Fernando de Noronha (o que eu fiz…), pois tudo ficará meio sem graça depois disso…
Pode parecer um exagero, mas é a pura verdade. A Sagrada Família é uma obra de arte sem precedentes na arquitetura que inovou inúmeras técnicas da construção civil, com a genialidade do mestre Gaudi no início dos anos 1900. Após a minha visita ao Museu do Salvador Dali (que irei comentar logo em seguida), eu comecei a juntar os pauzinhos: essa igreja provavelmente nasceu de algum encontro boêmio (para usar um termo educado) entre Gaudi e Dali… A palavra para descrever seria: Psicodélico!! Do Lado de fora um estilo difícil de descrever, pois cada uma das 4 fachadas tem o seu próprio tom… Você entra e tem certeza que foi abduzido por uma civilização extraterrestre mais avançada que o ser humano!! As cores, as formas geométricas assimétricas nas partes, mas preservando a simetria no todo… Cada canto algo totalmente inusitado… Um pé direito tão alto que te faz imaginar num homenzinho da ilha de Liliput, que deixa você com dor no pescoço e que te faz trombar com os turistas ao seu redor a cada minuto! Embasbacado, abestalhado, anestesiado,… Quem já foi pode adicionar aí mais algumas dezenas de sentimentos, porque é muito lindo esse lugar! Gastei umas 4 horas dentro da igreja e no museu que fica debaixo da Catedral e que conta toda a sua história! Gastei mais de uma hora fora da igreja admirando a parte externa que ainda vai levar mais 10 anos para ser completada e chegará próximo dos 200 metros de altura!!!!!
No dia seguinte, resolvi visitar a casa de um velho amigo, o museu do excêntrico Sr. Salvador Dali!!Você pega um trem até a cidade de Figueres que fica a mais ou menos 2 horas (vai depender do tipo de trem que você escolher, que irá impactar também no preço da passagem, pois existem trens de alta velocidade que levam 1h e 15min e os de baixa velocidade…). É uma cidadezinha pitoresca e que segundo meus amigos é famosa apenas por causa do museu surrealista (fiquei apenas um dia e não pude confirmar se realmente havia mais coisas para fazer…). Já que a palavra psicodélica foi utilizada para a Catedral, que tal usarmos alucinante para esse lugar diferente…!!?? A genialidade e abstração é tão grande que é natural associarmos o uso de entorpecentes ao se falar de Dali. É um museu que você não irá se sentir enfadado. É quase uma apresentação de comédia stand up de obras de arte (você irá rir de distintas maneiras e irá reparar como cada um dos turistas terão sensações únicas de acordo com a obra que estiverem observando). Eu gastei meio-dia dentro do museu principal e depois um par de horas no museu contíguo, onde estão expostas as joias desenhadas por Dali, feitas em todos os tipos de materiais preciosos. Deixa qualquer joalheria tímida de usar este nome!!
O último lugar que eu gostaria de mencionar nessa viagem (vou deixar lugares importantes de fora…) é o passeio noturno que fizemos as 23:30h en La Pedrera. Umas das forrozeiras de Barcelona é guia turística profissional e nos levou (o único estrangeiro era eu, os demais espanhóis) para fazer um tour no edifício residencial construído por Gaudi no começo do século XX. Foi o primeiro edifício do país a possuir garagens internas, elevador e claro uma arquitetura inigualável! O lado que fica de frente para o mar, tem formas que harmonizam com as ondas!!! A face voltada para as montanhas, dá um aspecto sóbrio e estático! Os apartamentos são gigantescos (hoje em dia, existe ainda um andar inteiro habitado como edifício residencial e os outros andares foram transformados em museu). No topo do edifício, um terraço que parece inacabado pelo seu formato assimétrico e ondulado, com várias mini plataformas, você irá ter uma boa vista da cidade e da Sagrada Família! Se a lua ajudar, como foi o nosso caso, você terá uma noite formidável!!!
Infelizmente não entrei no parque Guell, pois ao chegar a fila era gigante e eu teria que esperar 2 horas para comprar o meu ticket… Consegui ver por fora, no alto da montanha parte das obras e isso me deixou com bastante vontade de voltar, pois realmente faltou muita coisa para ver!!!
Bom, vamos mudar de continente!!!?? Já já estarei no exótico Marrocos!!! Um beijão a todos!!!
Nota: Foto do interior do Museu Dali, ala da exposição de joias, Figueres (ES) , exposição manual Canon T5i 18-250mm
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