De onde você é Fred? Antes de responder eu pergunto: você tem uns 10 minutos para eu te explicar…?
Venho de uma família que poderíamos chamar de ciganos: pai Mineiro, mãe Matogrossense. Nascido e criado em Goiânia. Como toda a família (avós, tios e primos) estavam distantes, fazíamos de 3 a 4 viagens por ano de carro (horas e horas ouvindo fitas k7, dormindo, brincando dentro do carro, domindo novamente…). Acredito que essa quantidade de viagens imprimiu em nós (meus pais e minha irmã) um estilo de vida bastante interessante (louco para alguns…) não nos limitando a morar em apenas um lugar.
Após essa pequena apresentação, vamos lá: com dois anos fomos morar numa cidade ainda menor no interior de Goiás, onde cresci com cavalos no quintal e jogando bolas de gude. Voltamos 5 anos depois para Goiânia. Resolvi estudar engenharia química e no Centro-Oeste naquela época não tinha nenhuma graduação. Então, São Carlos (SP) surgiu como uma excelente opção (não tão longe da barra da saia da mãe!), uma cidade com excelente custo-benefício e muitas outras coisas boas (poderia escrever outro artigo sobre a cidade).
O mais importante sobre uma cidade universitária como Sanca foi o contato com o mundo inteiro (estudantes de diversos estados e países) e isso abriu caminho para a próxima aventura: estudar inglês na Nova Zelândia! A motivação também daria outro post e neste momento não quero me distrair do presente (quem sabe me animo a falar sobre isso algum dia). Após um ano fazendo um esforço tremendo para não falar português com os brasileiros que lá viviam e estudando o dia inteiro por 5 meses e trabalhando de garçom e barista, aos 21 anos volto com outra visão de mundo (o meu umbigo já não era o centro do universo havia algum tempo, mas nunca é demais o reforço sobre a humildade!) e com objetivo superado, pois tinha aprendido uma língua adicional ao inglês: a dançar bem salsa!
O estágio de engenharia química foi em outro lugar lindo, Guarujá (que sorte a minha, logo no inicio da minha carreira morar na praia). E brincando com amigos, disse que só iria sair do Guarujá se fosse para outra praia (cuidado com o que pedimos, muitas vezes somos atendidos!!). Então veio a oferta de engenheiro junior em Recife! Por que não? Essa sempre foi a minha primeira pergunta! Se não der certo eu volto! Simples assim! Recife teve um impacto grande em mim (em diversas formas e maneiras) e resolvi buscar trabalho em outro lugar… demorou um ano e meio e quando já havia desistido, fui convidado para ir trabalhar na Megalópole SP (um goiano perdido na cidade grande).
Sampa é assim: ou você ama ou odeia!! Foi amor à primeira vista quando lá estive em 2001 (ainda um estudante do interior e com pouco dinheiro) e em 2007, o amor se concretizou! Cidade com uma carga cultural incrível: aumentei mais minhas idas aos chorinhos, teatros, museus… e algo que realmente eu amo: dançar! Forró e salsa, são duas paixões que eu tenho a quase 17 anos!! E no Brasil não teria melhor combinação para mim: engenheiro recém formado + dança!
Foram 4 anos em Sampa e 6 meses em Jundiaí, com muitas viagens para outros países (tanto a trabalho quanto a lazer) e muita diversão, quando aceitei um novo desafio: ir trabalhar em Bogotá! “Mas você só pode estar louco!!”, essa era a frase que ouviu com maior frequência nos meses que antecederam minha mudança! Como isso apenas aumentava o meu desejo de seguir com meus planos (pois já havia estudado muito bem o meu novo país com viagens curtas pelo trabalho e calculado o risco!), no dia 1o de Janeiro de 2012 embarquei para este país que me deixa saudades até hoje!
Após 1 ano e 8 meses nas montanhas de Bogotá, recebi outra proposta para voltar ao Brasil. A ida para o exterior é sempre uma delícia, com todas as novidades que vemos e sentimos! Mas é retornando para casa, que sentimos a real dimensão do que mudou em nós!
“Dizem os entendidos que viajar é importantíssimo para a formação do espírito, no entanto não é preciso ser-se uma luminária do intelecto para perceber que os espíritos, por muito viageiros que sejam, precisam de voltar de vez em quando a casa porque só nela é que conseguem ganhar e conservar uma idéia passavelmente acerca de si mesmos.” (Saramago; A Caverna)
Após dois anos morando no estado de SP, resolvo aceitar uma proposta de mudança drástica de emprego. E com isso aceito morar pela primeira vez no sul do país: Curitiba. Foi uma experiência curta, apenas 10 meses, mas que ensinou muito (em todos os sentidos).
Insatisfeito com o novo estilo de vida, resolvo fazer uma pausa profissional e iniciar uma busca por outro tipo de conhecimento: me conectar mais comigo mesmo e tentar entender melhor onde me encaixo nesse mundo vasto!
Começa então o meu ano sabático pelo mundo!!
Já estou preparando o próximo artigo contando todo o planejamento dessa aventura, de onde eu estou escrevendo e os próximos passos!
Até já!
Nota: Fotografia feita em Londres, na frente do Tate Modern Museum com uma câmera Canon T5.i com lente 18-250 mm (monocromática e exposição de luz manual). Título que dei a essa foto: Busca coletiva.
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