O post de hoje é um GuestPost do meu amigo Guilherme Garlipp Tedeschi, Fisioterapeuta especializada em Neurologia e estudante de medicina. Por alguns anos fomos companheiro de treinos de natação e mais tarde no triathlon. Guilherme nos escreve sobre um suplemento alimentar que atualmente está em alta, mas que parece não promover os resultados que afirma.
HGH Energizer
Atualmente, o interesse por uma saúde de ferro, longevidade, corpo exuberante e desempenho sobrenatural é muito importante para um grande número de pessoas, sobretudo para as vaidosas e atletas.
Todos os dias, novos produtos aparecem no mercado nutricional e prometem acelerar a busca pelo corpo perfeito, entretanto um desses “pozinhos mágicos” está sendo cada vez mais desejado, pois garante (cientificamente, porém sem fontes) ganho de força, massa e definição muscular de forma rápida e eficaz. Além disso, por não se tratar de uma substância anabolizante hormonal sintética ou de qualquer outra origem ilícita no meio esportivo, seria considerado seguro. O tão cobiçado suplemento é o “HGH Energizer”.
O que é?
Ao fazer uma rápida leitura sobre o produto, percebe-se que a sigla HGH é exatamente a do Hormônio do Crescimento Humano, produzido naturalmente pela hipófise (glândula ptuitária) e que age diretamente sobre o metabolismo de lipídios e glicose e na síntese protéica, além de outros efeitos metabólicos essenciais para o funcionamento do corpo. Assim, o que assusta, é que muito se sabe em relação à proibição do órgão internacional anti-doping sobre o uso do HGH sintético, além dos horríveis efeitos colaterais, os quais o uso indiscriminado pode culminar. Então, como é possível existir propaganda e garantia da sua eficácia e segurança?
A resposta está na composição, formada principalmente por aminoácidos ramificados (L-leucina, L-isoleucina e L-valina) e o Tribulus Terrestris, uma erva há muitos anos utilizada como estimulante sexual e no tratamento de impotência sexual, pois existia a associação da planta com o estímulo da síntese e liberação de hormônios, como a Testosterona e o HGH.
O que acontece realmente é que as indicações científicas contradizem esses fatos, como em um estudo realizado em 2007 com atletas de alto nível, submetidos à ingestão da planta, que não apresentaram diferenças entre os que não utilizaram o produto, principalmente em relação ao ganho de força muscular. Sendo assim, fica difícil compreender quais são os reais benefícios do produto e principalmente dar crédito para tantos depoimentos positivos em relação a ele, o que sugere duas possíveis conclusões: 1) Balela; 2) Mistura de substâncias não divulgadas.
A intenção do artigo, de longe não é incentivar ou inibir a compra ou utilização desse ou de qualquer outro produto, mas sim, de uma forma bastante cautelosa, orientar o leitor para que conheça o máximo possível sobre suas novas aquisições. Além disso, vale lembrar que sempre que um produto surge no meio esportivo, principalmente aqueles que dizem serem seguros e naturais, é preciso ter certa desconfiança, já que os resultados sobre os efeitos colaterais são apresentados em curto prazo, ou seja, os primeiros usuários serão as cobaias para os danos ou benefícios em longo prazo.
Sobre o autor:
Ex-nadador e triatleta amador, Fisioterapeuta especialista em neurologia no adulto e estudante de medicina.
Referências:
- Neychev VK, & Mitev VI. (2005). “The aphrodisiac herb Tribulus terrestris does not influence the androgen production in young men”. Journal of Ethnopharmacology 101 (1-3): 319–23.
- Rogerson S, Riches CJ, Jennings C, Weatherby RP, Meir RA, Marshall-Gradisnik SM. (2007). “The Effect of Five Weeks of Tribulus terrestris Supplementation on Muscle Strength and Body Composition During Preseason Training in Elite Rugby League Players”. The Journal of Strength & Conditioning Research 21 (2): 348–53.
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