É impossível não comparar a visibilidade do ciclismo, antes e depois de Lance Armstrong. Depois do surgimento de Lance Armstrong muitas pessoas se sentiram inspiradas por sua história e começaram a pedalar, o ciclista que superou o câncer e se tornou o maior ciclista de todos os tempos vencendo por 7 vezes o Tour de France.
Como ex-atleta e hoje treinador esportivo sempre defendi o esporte limpo e honesto, e sempre foi um grande fã de Lance. Para mim o fato de ele ter sido testado centenas de vezes e nunca ter sido pego, era argumento suficiente e me bastava para acreditar em sua história e alimentar minha crença que o esporte limpo é possível. Até hoje todas as acusações contra ele principalmente as de Floyd Landis nunca me causaram a menor desconfiança. Mas confesso que nos últimos dias vieram a tona algumas provas que com muito pesar me fizeram desconfiar de Lance Armstrong.
Nessa semana Tyler Hamilton, campeão olímpico de contra-relógio e companheiro de equipe deu uma declaração bombástica no canal CBS, uma das maiores emissoras de televisão do mundo. Tyler afirmou entre outras coisas que viu, mais de uma vez, Lance se dopar com EPO. “Ví Lance injetar EPO em si mesmo, como todos da equipe (US Postal Service) costumávamos fazer…Ví varias vezes ampolas de EPO na geladeira de Lance”.
Testado positivamente no tour da suiça em 2001 e foi positivo para EPO. Hamilton relatou ter ficado muito preocupado quando Lance contou que tinha sido pego em um exame anti-doping, testando positivamente para EPO. Segundo ele, se Lance fosse pego, muita gente perderia o emprego incluindo os ciclistas e todo o staff envolvido, seriam mais de 60 pessoas afetadas na história. Mas afirmou que na ocasião, Lance estava calmo e que algumas pessoas (da UCI – União Internacional de Ciclismo) resolveriam o caso. Vale lembrar que, na época, a equipe US Postal service tinha apoio do Governo Americano.
Essa semana também veio à tona que Lance teve reunião à portas fechadas com a WADA, a agência internacional responsável pelos testes anti-doping do mundo. Esse episódio, além de ser ilegal (pois nenhum atleta pode se reunir com a WADA em uma reunião particular), levanta suspeitas a respeito da veracidade das alegações feitas de que ele tenha testado positivo para EPO em 2001. O diretor da WADA, em relato ao FBI disse, na [epoca, ter sido pressionado a não investigar a amostra positiva de Lance abafando o caso.
Outro ponto importante é que, sabendo das normas e dos procedimentos à fundo usados nos testes anti-doping pode-se burlar os exames, o que, segundo o diretor responsável da WADA, é possível. Um exemplo disso foi a corredora Marion Jones (além do próprio Tyler Hamilton), que também durante toda sua carreira nunca testou positivo, mas depois de aposentado afirmou ter competido durante quase toda a sua carreira dopada e nunca ter sido pega por conhecer os procedimentos e conseguir burlar os testes anti-doping. Coincidentemente na mesma época Lance fez um suborno “uma doação” à agência de US$ 25mil, alegando contrituir para que a agência continuasse a poder fiscalizar o esporte. No ano seguinte fez outra doação de US$ 100mil.
Outra alegação de Hamilton é de que, Lance teria se reunido com o Dr. Ferrarri, conhecido no meio do ciclismo como o médico que vendia e prescrevia drogas a todo a maioria do pelotão mundial. Dr. Ferrarri é um treinador brilhante e tem muitos artigos publicados no meio científico, e talvez seja a pessoa no mundo que mais entende de como, quando e o quê usar para melhorar a performance e não ser pego nos exames anti-doping. Segundo Hamilton, “Lance e Dr. Ferrari conversavam muito sobre o uso de drogas, como tomar e sobre como treinar corretamente…Porém sabemos que o ciclismo vai além de treinar direito, comer direito e descansar…Existe o programa de doping que devíamos seguir”. Hamilton afirma que suas acusações não são apenas para Lance Armstrong, pois “Lance não fazia nada de diferente do que a grande maioria dos ciclistas do pelotão”.
E goste você ou não Lance vai ter que se explicar. O curioso é que todos os segundos e terceiros lugares, exceto um ciclista, durante todas as suas 7 vitórias no Tour de France estiveram envolvidos em pelo menos um escândalo de doping, bem como todos os vencedores do Tour depois de Armstrong.
Dificl de acreditar, não?
Bons treinos!
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