Para verificar os itinerários de trens no Marrocos, você pode entrar no site a seguir: http://www.oncf.ma . Como eu estava na dúvida sobre como comprar, eu chequei o itinerário online e aproveitei ainda em Tanger para ir até a estação de trem comprar os bilhetes dos trechos que eu já tinha programado. Nem todos os destinos possuem estação de trem, mas você poderá utilizar de uma boa infraestrutura e com diversos horários (inclusive trens noturnos, que poderá te economizar hotel e tempo). A qualidade dos trens que eu tive a oportunidade de viajar, é suficiente para você recarregar a energia para o próximo destino.
Saí de Fes com destino a Rabat e todos que eu conversei me perguntavam: mas o que irá fazer em Rabat, não tem nada de interessante por lá… Fiquei contente de ter mantido a minha rota inicial: A capital do país está localizada na costa Atlântica e é cortada por um rio de médio porte. Esqueça tudo o que você viu até agora no Marrocos, pois a cidade é uma fusão agradável de moderna com a cidade histórica: ao longo do rio Bou Regreg existe numa das margens um calçadão com um enorme jardim e vários cafés e restaurantes. Em direção ao mar, o calçadão termina numa fortaleza (também conhecida como Medina) chamada Kasbah of the Udayas. Na direção oposta, o calçadão te levará para a ponte sentido Salé (a cidade do outro lado do Rio) e também ao mausoléu de Mohammed V.
Uma opção muito interessante para você se hospedar é ficar na medina de Salé (você só consegue diferenciar duas cidades, pois se convencionou chamar de um lado do rio Salé e do outro Rabat, ou seja, uma colada na outra) e que além de ser super segura, também possui boas opções baratas de hostels/hotéis. Foi o que eu fiz e por 15 dólares eu consegui um quarto irado, com uma cama de casal confortável, banheiro e café da manhã incluído. De lá, você caminha por 10 minutos até a linha do metro de superfície (muito barato e trens super novos!) e em 5 minutos estará do outro lado da ponte (são apenas 4 paradas até onde eu queria ir). Desci perto do calçadão e botei as pernas para funcionar.
Hora do almoço, saliva já em produção máxima, parei pelos lugares que encontrei na beira do rio, sem ter nada que pudesse me chamar a atenção, até que vi uma caravela estilo anos 1500 enorme, ancorada um pouco antes do kasbah. Achei que fosse alguma espécie de museu e para minha surpresa, era um restaurante. Como estava já a alguns dias economizando em hostels e comida (lugares simples quase todos), resolvi extrapolar um pouco o orçamento e experimentar almoçar dentro de um barco parado. Pedi uma cerveja e veio uma mini mini Heineken (uma garrafa que devia ter no máximo 200 ml) e que custou quase 5 euros (!!!!!!), mas estava calor e estava ali por opção! Então, bora ser feliz! Pedi um peixe ao molho de limão e ervas acompanhado de purê de batata e legumes! Claro, tirei algumas fotos e mandei pros meus amigos, para mostrar que estava com saudade de todos!! 🙂
Depois do almoço um expresso para sacudir a preguiça (já contei que essa história de sabático também cansa bastante!!?? hehehehe) e fui visitar a fortaleza. Você não paga nada para entrar (pois como havia mencionado antes, hoje em dia são como se fossem pequenos bairros) e lá dentro irá encontrar inúmeras casas habitadas e vários comércios voltados para o turismo. Esse kasbah é diferente de todos os outros, pois é menor, as casas são mais baixas e mais espaçadas. Com a proximidade do Atlântico (o lugar é literalmente na esquina do rio com o mar), você irá se sentir refrescado o tempo todo, com um vento constante e forte (a temperatura durante o dia estava próxima dos 30 graus). Se você quiser, poderá por dentro da fortaleza sair por um dos portões e ir até a praia, onde várias pessoas estavam jogando futebol e passeando pela areia (em sua maioria homens e locais). Do ponto mais alto do Kasbah você poderá ter uma linda vista de Salé, o rio e o mar!
Um par de horas depois, voltei caminhando pela margem do rio, até chegar ao famoso mausoléu de Mohammed V. Esse lugar é super interessante, pois você entra e fica na dúvida se ainda está em construção ou não. Primeiro, você passa por um portão enorme, do seu lado esquerdo você vê dois edifícios muito bonitos, mas bem pequenos comparados com o a enorme área adiante. Do lado direito uma torre enorme (chamada de Hassan Tower) e larga e em frente a primeira coisa que você nota são uma espécie de pilares pequenos e inacabados. Estava na dúvida se isso era para ser assim mesmo (em homenagem a alguma parte da história deles ou talvez alguma arte moderna, que muitas vezes só o artista entende… hehehehe) ou se estava incompleto. Minutos depois, você consegue entender melhor, num dos quadros informativos do lugar. Segundo as informações, a torre de 44 metros era para ter 86 metros quando terminada e seria o maior minarete do mundo, da maior mesquita do mundo que também seria construída. Os pilares inacabados completam um total de200 e começaram a sua construção no século XII. Após a morte do sultão da época, a obra foi interrompida. Os dois edifícios do lado esquerdo são o mausoléu, datados de pouco mais de 40 anos, do rei do Marrocos e seus dois filhos.
Fotos e mais fotos, o sol começa a se esconder, e advinha: hora da janta!! hihihi Sem saber exatamente onde iria chegar, pega a saída oposta da que tinha entrado e caminhei até achar um lugar pra comer. Bora voltar pra realidade e manter os custos sobre controle, achei um restaurante super típico marroquino e com espetinhos de kafta!! Marrocos, que bom ter vindo!! Comer bem me enche de energia!!! Minutos depois, resolvi não pegar o metrô de superfície e decidi fazer a digestão caminhando até o hostel. Cheguei no hostel e coloquei o papo em dia com a família e meus amigos.
Esqueci de contar um detalhe importante!!! Lembra do que eu falei sobre quem tem amigos tem tudo!? Em Munique, durante o festival de forró, eu conheci um marroquino que vive em Zurique há mais de 15 anos e além de apaixonado por forró é amante da capoeira e do Brasil (aprendeu a falar português jogando capoeira). Conversamos muito pouco durante o festival, mas tinha falado para o Achraf que em breve estaria visitando o Marrocos. Ele perguntou quando seria isso e disse que teria férias em algum momento e visitaria a família dele por lá. Nos pusemos em contato por facebook e ele tinha prometido dar algumas dicas sobre o que conhecer.
Uma semana depois do festival (no começo de maio) ele me mandou uma mensagem dizendo que possivelmente estaria em Casablanca na mesma época da minha viagem. Acertamos de falar dias depois para confirmar as datas. Mandei para ele a minha ideia de itinerário e ele sugeriu algumas pequenas mudanças. Ótimo, meu plano parece bom. Energia boa, atrai energia boa, sempre!! No dia seguinte que ele me ajudou com o itinerário, chega uma mensagem confirmando as datas dele e os planos de férias que ele teria: “Fred, vou chegar em Casablanca no dia que você estará em Rabat e no dia seguinte eu vou pegar um trem para Marrakech, alugar um carro e descer até uma praia deserta que é um dos meus pontos favoritos de surf. Vou ficar 5 dias lá e se você quiser, está convidado. Me avisa o que você acha e vamos nos falando. Um abs!”. Sensacional! Poder viajar com um local a um ponto pouco turístico e poder descansar na praia também!
Amanhã o trem sai num horário decente (9:30h) e não preciso madrugar e ainda poderei comer bem no café da manhã. Então, vou aproveitar para ler bastante, pois estou atrasado com os livros do curso de yoga!
Boa noite e até já!
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