No tour de France 2011, a Etapa 14 era composta de 6 subidas, sendo a última uma subida íngreme de categoria Hors concours. Ao contrário do que todos estavam esperando o Plateu de Beille não alterou a classificação dos ciclistas que brigavam pela camisa amarela, classificação que seria alterada mais pra frente. Ninguém atacou, nem os Schelcks, tampouco Alberto Contador, Cadel Evans, Ivan Basso ou Sammy Sanches.
Embora ninguém tenha demonstrado fraqueza, já que todos terminaram juntos, ninguém demostrou força nos ataques suficiente para desmontar o pelotão de escaladores e alterar a classificação da camiseta amarela.
Porém para olhos mais atentos aconteceram uma série de fatores que determinaram que aqueles ciclistas chegassem juntos à linha de chegada.
Respostas rápidas aos ataques:
No começo das etapas de montanha as equipes dos escaladores pegam a ponta do pelotão e imprimem um ritmo muito forte para desencorajar fugas antes da montanha e minar as forças de atletas mais fracos, para que, ao chegar no pé da montanha já tenham separado o “joio do trigo”.
Mas é na montanha que começa a verdadeira briga. Montanhistas são hábeis em fazer vários ataques curtos e sucessivos para tentar desgarrar alguns ciclistas do grupo principal. Essa tática era muito usada pelo famoso escalador falecido, Marco Pantani e é também o que fazem os irmãos Schleck. O engraçado é que todas as vezes que qualquer um dos irmãos atacava, os ciclistas que brigavam pelo título respondiam prontamente. Ninguém pensava duas vezes e saltava na roda do ciclista em fuga.
Nas montanhas, o verdadeiro jogo de xadrez sobre rodas começa. Os escaladores ficam a todo tempo procurando sinais de cansaço e distração de seus competidores para lançar um ataque forte e definitivo. E se um ciclista ataca e o pelotão não responde, isso pode ser um incentivo para ele lançar outro ataque. Por outro lado, se o ciclista lança um ataque e ao olhar para trás e ele ver que não conseguiu largar os adversários da roda, isso terá um efeito psicológico que o fará pensar duas vezes antes de atacar de novo e até considerar um contra-ataque da parte de seus adversários onde ele pode ser deixado para trás.
Como treinar para aguentar ataques na subida?
Para sobreviver numa etapa de montanha não basta apenas conseguir subir bem, é necessário acelerar, estabelecer um ritmo constante, acelerar de novo e assim sucessivamente, como os escaladores do Tour de France. É durante os momentos de aceleração que os atletas menos preparados “abrem o bico” e são deixados para trás.
Para melhorar o seu desempenho nas etapas de montanha é necessário treinar uma espécie de Fartleck, o famoso treino de forte-fraco, apenas nesse caso serão feitos tiros fortes, intercalados com ritmos constantes (Leia também É melhor pedalar em pé ou sentado?).
Por exemplo: faça tiros de 6 min numa subida leve a moderada. Ataque os primeiros 30” (em ritmo de 90% do máximo), volte para uma intensidade constante por 1min (75-80% do máximo) e repita o padrão até completar os 6min. Após isso pedale leve por 3min e repita o intervalo.
Atletas iniciantes devem considerar apenas 3 tiros desses, atletas mais experientes podem fazer até 5 ou 6 desses.
Esse treino provoca um grande acumulo de ácido láctico no atleta e incentiva o seu organismo a acostumar-se a uma maior acidose e desenvolve, com o tempo, a capacidade de remover o ácido latico mais rapidamente.
Para esse treino ser eficiente é importante que o atleta esteja descansado antes do treino e após esse treino é recomendado treinar leve por pelo menos 1 dia. Não esqueça também de começar a sessão de tiros com um bom aquecimento e de caprichar no desaquecimento após a série para soltar as pernas.
Bons treinos!
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