Apesar de querer conhecer o máximo de países possível, não tinha planejado inicialmente de vir até Varsóvia. Mas como desde o início, estou sempre aberto a sugestões e novas oportunidades, eu novamente agradeço por ter aceitado a conhecer este país encantador!! Vou dar uma chance para que adivinhem o que me trouxe para a Polônia…
Essa história começou alguns meses atrás quando, ainda no Brasil e sem ainda ter escolhido sair nessa aventura, fui para um dos meus refúgios preferidos para restaurar minhas energias e buscar inspiração: passar réveillon em Itaúnas (ES). Lugar mágico, simples, calmo, com uma praia de água morna, uma paisagem especial, um rio lindo… e claro, transpira forró pé de serra 24 h por dia!!! Os melhores músicos e bandas do país estão nessa época tirando “férias” enquanto trabalham.
Então, num desses encontros e desencontros pela vida, como já dizia meu amigo Vinícius de Morais, ouvi esse som estranho vindo do palco, no mesmo ritmo do forró e fiquei paralisado, hipnotizado, embasbacado!!! Um violoncelo improvisando junto com meus músicos preferidos na forma mais sofisticada que uma música pode ser: simples, quase sem esforço e linda! Por trás desse colosso de madeira, uma mulher cuja a beleza parecia o reflexo da sua música! Eis que ela desce do palco minutos depois e lá vou eu, convidá-la para dançar! E pahhh, outra surpresa agradável: também dançava como se tivesse impregnado o corpo com a partitura de Dominguinhos! “Oi, tudo bem? Como você se chama?” “Olá, eu me chamo Agnieska” “??????!!!!!” Outra surpresa: era polonesa!!!!!!!
Bom, a partir daí começou uma amizade que parecia antiga, de outros tempos!! Quando pessoas autênticas se encontram, e existe convergência de assuntos, só pode funcionar bem! Foram depois vários outros encontros em São Paulo para conversar sobre música e cultura em geral, e eu já com meu plano sabático em andamento, marcamos de continuar a conversa em Londres. Em Londres, foi quando veio o convite: “Fred, vou fazer uma apresentação no TEDx Varsóvia para falar sobre forró e a cultura Brasileira e como eu me apaixonei pelo seu país. Gostaria que você dançasse uma música durante a minha apresentação, o que acha?” O que eu achava… hahahahaha tá doido!? Ser convidado por uma pessoa que você admira, que ama a sua cultura e para dançar o que você mais gosta de fazer na vida!??? “Claro que sim, quando vai ser??”. Foi aí que refiz meu itinerário e abri uma espaço na minha viagem para esse lugar extraordinário!!
Apesar de apenas 4 dias no país não ser suficiente para conhecer muito, é suficiente para se ter uma ideia, especialmente quando você está andando com poloneses a maior parte do tempo. Varsóvia é uma cidade muito moderna, pois foi destruída 85% durante a segunda guerra mundial e reconstruída pelo poderio Soviético em sua maior grandeza! Avenidas e ruas amplas, inúmeras praças, edifícios opulentos e com uma arquitetura sóbria, um sistema de transporte público integrado impressionante (trem, metrô, ônibus e metrô de superfície) que facilita muito a circulação dentro da cidade e entre os aeroportos e outros municípios (mas um pouco caro…). Os passes de transporte valem por 24h, então guarde sempre no seu bolso e você poderá usar quantas vezes quiser!
Tive dois dias de muito sol e como já é primavera, as plantas já começam a mostrar mais atividade. A cidade inteira começa a apreciar o sol que esquenta, o clima ainda frio para um goiano!! Parques enormes, ciclovias, te convidam para caminhar sem se preocupar com a segurança. Apenas talvez, onde vamos tomar um café quente e comer um pão gostoso (o polonês sente muito orgulho da diversidade e qualidade dos pães que podemos encontrar por aqui).
Peguei uma gripe muito forte, que me deixou um pouco abatido em algumas partes do dia, mas que não me fez desistir de conhecer e me encantar. O relato dos poloneses que conheci, mostra que somos muito parecidos com eles: 1989 foi quando se libertaram definitivamente da URSS e eles chamam isso de período de liberdade, onde puderam começar a viajar para outros lugares do mundo de forma legal ou mais facilmente (não entrei muito nestes detalhes políticos, pois apenas ouvi). Assim como no Brasil havíamos iniciado nossa democracia, eles iniciaram a deles. Estão neste momento em um período de transformação cultural, onde os jovens que viajam para fora, assimilam outras culturas e costumes e de forma inevitável modernizam o país. Mas pelo que ouvi, ainda existe uma certa resistência, por parte da população, o que acredito é natural. Nem todos estão preparados para novidades… Além de problemas graves de corrupção e o aumento do poder da direita neo facista (alguma semelhança com o Brasil…?).
O polonês é muito formal, então para evitar algum conflito desnecessário, pergunte primeiro o que você pode ou não fazer, seja bem cortês, nunca atravesse o sinal de pedestres em vermelho (pois você ganhará uma multa), mas ao mesmo tempo quando você mostra interesse pela cultura e pelo país lindo que eles têem, você será muito bem tratado!!! Não mencionei antes, mas as mulheres daqui são muuuuiiiitoo lindas!!! Estou me esforçando para não me apaixonar a cada 5 minutos!! hehehehehe
O cidade velha de Varsóvia, como é chamada (old town) é fantástica! Mostra como era antes da guerra, os prédios e a influência da igreja católica! Lembram-se do Karol Wojtyla, mas famoso pelo nome escolhido, Jõao Paulo II, que era polonês.
De Varsóvia, fui de trem até Cracóvia, que foi menos destruída durante a guerra e preserva mais prédios históricos. É uma cidade muito agradável, com um centro histórico muito peculiar e claro lotado de turistas. Gostaria de ter ficado mais do que um dia na cidade, mas aproveitei bastante, comendo num restaurante super tradicional (minha amiga queria me mostrar os vários pratos que pediu comida para quase 4 pessoas… rsss). Eles usam muita beterraba e repolho na culinária, o que não é tão estranho para nós).
No centro da praça histórica, existe uma torre com um relógio em que a cada hora exata um trompetista anuncia aos cidadãos a mudança do relógio. Existe uma lenda que a centenas de anos atrás, um dos trompetistas que exercia essa função foi morto por uma flecha durante uma invasão Mongol, após avisar da chegada do inimigo… Ossos do ofício!
Do zobaczenia!!! (até breve!)
Nota: A foto que postei mostra a minha apresentação durante o TEDx… um evento muito especial que tive oportunidade de conhecer pessoas muito talentosas em diversas áreas do conhecimento. Estou dançando com outra Agnieszka, gerente de imagem da Agnieska violoncelista, que também dança muito e é apaixonada pelo Brasil (ambas falam português!!). Ah, foi a primeira vez na vida que entrei num camarim e tinhamos à disposição uma maqueadora para nos preparar antes de entrarmos no palco… hahahaha foi divertido!
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