Alinhar-se na linha de largada de um triathlon sem aquecer é a maior loucura, não? Imagine sair à toda força para nadar com seus músculos duros e desaquecidos. A maioria dos triatletas, antes das provas faz um trabalho de aquecimento na natação ou algo que envolve corrida + natação.
Mas segundo um estudo recente isso pode não fazer a menor diferença para os triatletas que são maus nadadores.
O estudo, que foi publicado no Journal of Strength and Conditioning Research, concluiu que “o aquecimento antes de um triathlon sprint (ou short triathlon) não promove benefício adicional na performance na natação da prova de triathlon, tampouco nas modalidades subsequentes”.
Confesso que ficaria muito surpreso se o aquecimento na natação (para a prova de triathlon) desse diferença nas outras modalidades. Na minha opinião, a etapa da natação por si só, já serve como uma aquecimento para o ciclismo e o ciclismo por sua vez para a corrida
Os pesquisadores da Universidade da University of Western Australia compararm os efeitos de dois diferentes tipos de aquecimento e o não aquecimento antes de um contra-relógio de natação e um sprint triathlon (Short Triathlon) simulado e obtiveram resultados um tanto quanto surpreendentes.
Como foi o estudo?
Sete triatletas amadores foram avaliados no estudo. Cada um deles foi testado em 4 etapas: um contra relógio de natação e 3 triathlons simulados. Os triathlons simulados consistiam em 750m de natação na piscina, 20km de ciclismo em bicicleta ergométrica e 5km de corrida na esteira. Antes de um dos triathlons os sujeitos se aqueciam com 10min de natação, no outro com 10min divididos entre corrida e natação e antes do terceiro triathlon eles não se aqueceram.
O objtetivo inicial do estudo era determinar qual era a melhor rotina de aquecimento para um triatleta e se os diferentes aquecimentos influenciariam na performance do triathlon como um todo e/ou nas modalidades subsequentes. O que surpreendeu os pesquisadores é que quase todos os sujeitos nadaram mais ou menos no mesmo tempo nos 3 triathlons, bem como tiveram seus tempos parciais em cada modalidade e os tempos finais do triathlon. Durante o estudo foram feitas análises na frequência e amplitude de braçadas na natação, lactato sanguíneo, percepção subjetiva de esforço, temperatura corporal, frequência cardíaca. Essas medidas pouco se alteraram em todos os testes, um sinal claro da similariedade dos esforços, ou seja os atletas realmente deram o seu máximo em todos os testes.
Mas como?
Pois é, os autores atribuem esse resultado ao baixo nível de performance de natação dos atletas avaliados, ou seja, os atletas tinham uma natação fraca se comparada com as outras modalidades. Nadadores fracos normalmente tem mais dificuldade de vencer a resistência da água devido ao seu mal posicionamento corporal e baixa eficiência técnica.
Em outras palavras um nadador iniciante tem muita dificuldade de manter o ritmo ao longo de uma certa distância. Num tiro de 400m (na piscina) por exemplo, um nadador pouco eficiente provavelmente após 100-150m começará a diminuir seu ritmo.
Outro ponto que eu acho importante salientar é a pequena quantidade de atletas avaliados no estudo, foram apenas 7, o que pode prejudicar um pouco os resultados. Mas de forma geral, talvez o aquecimento não seja tão interessante para triatletas iniciantes que vão fazer o seu primeiro short triathlon, ou pelo menos ele não interfere tanto na performance do atleta. Em todo caso, vale a pena lembrar do que escrevemos aqui no Espírito Outdoor sobre a marcação dos pontos de referência para a orientação na água. Um ponto determinante na sua performance. E mesmo que os próximos estudos venham a comprovar que o aquecimento pouco influencia na sua performance, ainda é interessante entrar na água para fazer a marcação de alguns pontos de referência para facilitar a navegação/orientação durante a etapa de natação do triathlon.
Bons treinos!
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